Mesmo com e-commerces, brasileiros preferem ir aos supermercados, diz estudo
A digitalização do consumo e criação dos e-commerces é uma tendência que já vinha aumentando nos últimos anos, mas que ganhou forte impulso de crescimento com a pandemia. Muitos negócios – inclusive supermercados – aderiram e/ou incrementaram novidades para acompanhar essa nova forma de consumir.
Isso, no entanto, não significa que esse legado de compra online irá se impor aos supermercados como um novo normal. É o que revelam os dados coletados pelas especialistas Fátima Falcão (executiva de negócios para o varejo do Google), Antonella Weyler (especialista de insights para o varejo do Google) e Naira Sato (diretora de pesquisa na Mintel – uma das maiores agências de inteligência de mercado do mundo) durante a live “Como o varejo pode se reinventar? ”, transmitida pelo Google Academy.
O varejo alimentar e o e-commerce
A indústria do varejo alimentar é considerada como a última fronteira do e-commerce porque é a mais difícil: “Ela faz parte do cotidiano das famílias brasileiras. Todo mundo gosta de ir ao supermercado e selecionar, em mãos, todos os produtos que quer levar para casa”, observa Falcão.
Weyler afirma que essa divisa foi ultrapassada, porém, a predominância de lugares físicos ainda é alta: “19% dos brasileiros compraram online, ou seja, 8 em cada 10 brasileiros ainda não cruzaram a fronteira do universo online”. A especialista divulgou algumas análises que comprovam esse movimento:
- Os consumidores tinham hábitos muito arraigados no universo físico e isso tinha raízes comportamentais muito fortes, como o “sair para comprar”, que tem um valor simbólico essencial no dia a dia do brasileiro;
- Grandes preconceitos e crenças: comprar no digital é mais caro por causa do frete;
- Falta de controle da jornada: não sei que horas e de que forma o pedido vai chegar;
Quem cruzou a fronteira, por sua vez, afirma que a barreira de compra de perecíveis continua: “Quando a gente perguntava quais elementos você não compraria online, a gente vê que os perecíveis são a parte mais sensível da cesta. […] Isso é um ponto sensível para o brasileiro, que está cada vez mais preocupado com a saúde”, conclui Weyler.
Os novos hábitos de consumo dos brasileiros
Para complementar o estudo, Naira Sato trouxe dados relevantes: 33% dos brasileiros estão dando prioridade aos exercícios físicos, enquanto que 44% estão preferindo comer de forma mais saudável.
“Uma oportunidade para comunicação focada em benefícios, como gôndolas com itens mais específicos de acordo com as necessidades do consumidor”, analisa Sato.
A era do hipercuidado
Diante deste cenário, o legado para o futuro é a fusão do melhor dos dois mundos: importar do digital toda a tecnologia para trazer segurança e conveniência às compras, e trazer do físico o toque humano e cuidado, essencial em uma categoria tão básica que é a compra de alimentos. Escolher expositores funcionais e de qualidade que auxiliam nos cuidados de higiene dos produtos é essencial e um aliado importante no aumento das vendas.
“O futuro não precisa ser necessariamente hightech. Na era pós-covid-19, o futuro do varejo alimentar será high-caring. Bem-vindos à era do hipercuidado”, afirma Antonella Weyler.
A era do hipercuidado não é sobre esterilizar compras e relações, mas, sim, de trazer o toque humano como ferramenta essencial que transforma a percepção de segurança em proteção. Em um período de tanta instabilidade, as pessoas estão em busca de atenção, e sentir que suas necessidades estão sendo atendidas com cuidado vai gerar resultados satisfatórios para o futuro.